Ele explicou isso numa entrevista: "há seis meses, abri uma exposição e as pessoas vinham conversar comigo, pediam um autógrafo, trocavam ideias. Agora acabou. Cada pessoa te agarra e quer tirar 'selfie'. Bota um telefone ali, é uma agressão permanente em cima de você".
De fato, não há limite. Até o velório do ex-canditato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos, não escapou. Uma senhora conseguiu seus 15 minutos de fama ao aparecer sorrindo, fazendo uma "selfie" com o defunto ao fundo. Acho que até Narciso - aquele da Mitologia - teria vergonha de tal ato.....
O vício do "selfie" tem invertido prioridades. Tem gente que deixa de aproveitar o momento que está vivendo, para gastar o tempo em registrar a si mesmo num evento ou situação específica. Concentra-se em poses, caras e bocas, posição de cabelos, melhor ângulo.... enquanto isso o momento mágico, aquele que não volta mais, passou..... Como aconteceu com a Carolina da canção do Chico Buarque de Hollanda, quando o tempo passou na janela e só ela não viu.
Isso sem falar na invasão de privacidade. O viciado em "selfie" já pensou em perguntar aos presentes se querem figurar no seu quadrinho? Logo teremos que andar com uma plaquinha pendurada no pescoço com a inscrição: "Por favor, não me inclua no seu 'selfie'".
Na minha opinião há uma espécie de ambiguidade no uso da palavra "selfie" para tal prática, visto que a maioria das pessoas utilizam este tipo de foto para compartilhar e não para seu deleite individual. A jornalista Marion Strecker definiu isso muito bem em sua coluna no site da Folha: "O conceito de 'self' (o si mesmo) é central na psicologia e existe desde o final do século 19. A representação do "self" seria uma construção do ego, o eu, o núcleo de uma personalidade. Mas o que há de si mesmo nesses "selfies" todos? O que há de individualidade, de subjetividade, de essência desse eu que se autofotografa para consumo externo?
Realmente, há que se pensar.....
O fato é que o fenômeno do "selfie" é um prato cheio para os mais variados estudos. Selfies em enterros, os atuais "pós-sexo", os íntimos.... todos eles podem trazer na bagagem pequenas mensagens subliminares do oceano onde navega a alma humana. Psicólogos argumentam que as pessoas mais inseguras são as que mais tendem a postar selfies com temperos mais sexualizados e exibicionistas com o objetivo de receber o maior número de curtidas (?) e com isso, conseguir uma percepção - falsa, é claro - de que são amadas.
E, ao contrário do que muita gente pensa, não são apenas os adolescentes que se jogam neste comportamento.
Danny Bowman levava uma vida normal até começar com a mania de tirar muitas selfies com seu iPhone.
Danny começou a tirar fotos nesse estilo aos 15 anos, mas foi aos 17 anos, em dezembro de 2012, que a overdose aconteceu. Ele tirou mais de 200 fotos e não conseguia encontrar nenhuma que o agradasse, foi então que passou a tomar descontroladamente alguns comprimidos para aliviar sua tensão. "Eu estava constantemente em busca de tirar a "selfie perfeita", e quando percebi que eu não conseguiria tirá-la eu quis morrer. Perdi meus amigos, minha educação, minha saúde e quase perdi minha vida", diz Danny.
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